Helena Silva
Helena Silva usa o violino para gerar paisagens em camadas, ecos, loops, montanhas e vales de som que vai, vem e nos trespassa.
Harmonias e melodias que se atravessam entre as cordas, o arco e os pedais de efeitos para nos invadir os sentidos.
Beleza sonora transitória para o mundo que vivemos, dia 10 de Outubro às 19:00.
- Como é a solidão de estar a sós com um violino na pista?
- Nunca estás sozinho enquanto houver público. No entanto, para quem passa a maior parte do tempo a tocar em grupo, um concerto a solo pode ser uma experiência agridoce.
- Quanto da tua música vem de ti e quanto vem do que ouves?
- De Bach a Nils Frahm, o que ouço influencia o meu trabalho de forma mais ou menos inconsciente.
Para além da música, é impossível o mundo exterior não afetar as criações de um artista e o meu caso não é diferente. Em Portugal ou na Escócia, o que vejo e vivo, seja natureza e silêncio ou confusão e barulho, balança na minha música. - A música clássica precisa de ir mais vezes à pista de dança?
- Se precisa! Não faz sentido haver ainda hoje um muro entre o mundo da música clássica e de tudo o resto. Desde criança que fui educada a ouvir repertório para violino e orquestra e o que sobrava da música não tinha grande lugar nos meus dias. Quando cresces e tentas trespassar essa barreira, percebes que ela é apenas uma construção imaginária da sociedade e da sua necessidade de hierarquizar tudo.
- A beleza vai salvar o mundo?
- Já ouvi dizer que a arte é a única verdadeira forma de comunicação entre pessoas.
Agora, e principalmente neste tempo de caos, percebo essas palavras melhor que nunca e é claro o papel fundamental da arte na criação de
um mundo melhor.
Se o vai salvar? Acredito que a beleza pode mudar um indivíduo e consequentemente transformar o mundo, isso sim.